(Ninguém deve estar mais perdido do que a gente nos dias de hoje, então, para ajudar, vou dar aqui um panorama, poético e afetivo, do que estamos encontrando por aí quando se trata de mulher)
São muitas histórias, minhas, de amigas, de amigos, são muitos carnavais;
Algumas são frutos do contemporâneo e outras são padrões ancestrais;
As novinhas querem diversão, ainda estão descobrindo os prazeres carnais;
As já casadas estão carentes da gente num ponto que chega a ser demais;
As gringas curtem experimentar um nativo, mas em seguida voltam pro cais;
As de trinta estão procurando homens para serem novos ou futuros papais;
Tem aquelas que olham, não o seu olho, mas a sua carteira, os seus reais;
As que já são mamães têm uns trezentos e quarenta e quatro mil pés atrás;
Tem as muito caseiras, que não saem da toca e só falam de harmonia e paz;
As divorciadas dão uma recuada no tempo, querem uma adolescência a mais;
Tem as do tipo que te conhecem hoje e já falam de questões matrimoniais;
Inevitável falar da do tipo víbora, que te confunde, já que o disfarce é bem sagaz;
As menores, se for esse o seu caso, saiba que também o será das autoridades legais;
Tem as muito doidonas, as que são muito neuróticas ou as muito normais;
As maduras te seduzem com comidas, velas, e te amarram em santos e sais;
E tem as amigas, mas, com estas, é muito melhor manter os laços fraternais;
As que são caso passado, as que são caso perdido e as que são casos virtuais;
Tem as muito crentes, tem as muito descrentes e todas essas variações radicais;
Claro, existem as que não gostam mesmo de homens, pois preferem as iguais;
As que nunca sofrem, as que sofrem por tudo, as neuróticas e as paranormais;
Aquelas que são incríveis, mas moram longe, em Atenas ou em outras capitais;
E as solitárias, medrosas, excêntricas ou as que só se permitem um lance fugaz;
Tem as que focam nas carreiras, e as que só olham pra si e se acham as tais;
E ainda as que esperam o príncipe encantado ou as novas conjunções astrais;
E, afinal, as que são combinações de algumas citadas acima, só não me diga quais.
Agora, não se engane, para mim serão todas, e para sempre, muito especiais.
João Rodrigo Ostrower é jornalista, dramaturgo e diretor de teatro.
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