Apesar de nunca ter comido um bife na vida, não me considero vegetariana. Na infância tinha calafrios das idas familiares à churrascaria Majórica em Petrópolis, onde os garçons sempre ofereciam a carne já com o espeto no meu prato formando uma assustadora pocinha de sangue. Não existiam ainda aqueles simpáticos avisos de "Não, obrigado", para colocar em destaque na mesa. E o pior, ainda demoravam para repor os pães de queijo.
Cresci, aumentei minhas opções de cardápio, mas sempre fico bolada como a comida vegetariana é muitas vezes subvalorizada. Adoro os restaurantes vegie, as feirinhas, a revista Vegetarianos, e receitas. Porém – ah, porém! - ainda estão muito longe de mandar bem na comunicação e ganhar a moral que merecem. E ainda, conseguir atingir o coração e o estômago do grande público brasileiro comedor voraz de carne.
Cresci, aumentei minhas opções de cardápio, mas sempre fico bolada como a comida vegetariana é muitas vezes subvalorizada. Adoro os restaurantes vegie, as feirinhas, a revista Vegetarianos, e receitas. Porém – ah, porém! - ainda estão muito longe de mandar bem na comunicação e ganhar a moral que merecem. E ainda, conseguir atingir o coração e o estômago do grande público brasileiro comedor voraz de carne.
Há alguns anos, fui a um evento de vegetarianismo na PUC onde o que mais se lia eram frases como "Não matem as vacas", "Não destruam a biodiversidade", e etc. Material corretíssimo, mas ineficiente. Os resultados de uma criação de gado são realmente assustadores para o meio ambiente, fora desmatamentos e os peidos dos bichos que aumentam o efeito estufa (segundo o Painel Intergovernamental em Mudança do Clima, ruminantes emitem 28% do metano produzido no mundo). Mas quantos % realmente mudam de atitude por conta desses dados? Não acho que isso chegue a comover um carnívoro ao ponto de trocar sua dieta.
Eu defendo a comida vegetariana porque ela é muito gostosa. Simples. Comida com muitas nuances de sabor, colorida, leve, deliciosa. Não sou uma comedora voraz de legumes, tenho ressalvas a uma lista enorme deles, mas já tive verdadeiras ondas de prazer gustativo comendo comida vegie. E confesso que muitas vezes não sabia do que o prato era feito – mas era ótimo.
Assim, minha sugestão é aplicar mais marketing à causa. Dar uma nova embalagem, que realmente atraia diferentes públicos. Se quisermos direcionar para as classes altas: trata-se uma experiência “gourmet”, "premium", "diferenciada". Para quem quer emagrecer: é light e saudável. Para os recém alérgicos: na maioria dos casos não tem glúten ou lactose. Para os econômicos: o custo no mercado é menor.
Enfim, a ideia não é converter a pessoa em vegetariano, mas um admirador da comida – assim como se tem desejo de comer sushi, árabe ou uma massa. O que sim, reduziria o consumo de carne no mundo.
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Um caso pra encerrar. Durante uma FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty), eu estava comendo em um restaurante que ficava na casa de uma família. As mesas eram no jardim e na varanda, em um clima bem descontraído. De repente, o filho da dona, um garoto de cerca de onze anos, aponta para o meu prato e reclama "você não comeu o grão de bico". Enfim, um passo de cada vez para nós, entusiastas.
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